terça-feira, 6 de novembro de 2012

Eleições Americanas

Muita tinta tem corrido sobre as eleições deste ano nos Estados Unidos, em particular as eleições para a Casa Branca, que decorrerão esta terça, 6 de novembro. Este escrutínio é, como habitualmente, um dos mais analisados em todo o mundo e a quantidade avassaladora de sondagens e estudos de opinião tornam possíveis uma grande diversidade de interpretações. Enfim a democracia é isso mesmo. Para quem está interessado em analisar ao detalhe alguns desses dados, sites como o FiveThirtyEight, ou o RealClearPolitics são bons exemplos.

A eleição para a presidência norte americana é tanto ou quanto especial, pois é uma eleição indireta, em que o presidente é eleito por um colégio eleitoral, cujos membros são escolhidos consoante a votação de cada estado membro. Uma explicação simples pode ser vista aqui.

Este ano, a luta é entre o actual presidente, Barack Obama eleito em 2008 pelo partido democrata, e Mitt Romney, o ex-governador do Massachusetts, pelo partido Republicano.

Estes dois senhores tem passados muito distintos, Obama vem de origens humildes, passou por uma infância multi-cultural com um pai ausente. Terá em grande parte sido criado pela mãe e pelos avós maternos. Formou-se em Direito em Harvard, passou por uma experiência de organizador social em Chicago, foi senador estadual e federal e assumiu a presidência no início de 2009. por seu turno, Mitt Romney terá nascido em berço de ouro, tem uma família de grande tradição empresarial e política, foi pastor mórmon, gestor de várias empresas e governador do Massachusetts.

Há cerca de 4 anos, quando Obama foi eleito, a sua campanha foi umas das mais alternativas de sempre. Tanto em termos de forma como de conteúdo. Foi o advento da política pela Net. Muitos votantes jovens foram cativados pela campanha de Obama nas redes sociais e no Youtube. Algo para o qual a campanha de John McCaim não estava preparada. Em relação ao conteúdo, Obama tinha uma mensagem totalmente diferente da dos políticos americanos na generalidade: a sua mensagem era de esperança, de união, de tentar encontrar soluções comuns para problemas comuns, era o advento do bipartidarismo. Era uma mensagem muito difícil de combater e Obama foi eleito pela diferença e pela perspetiva de mudança.

Volvidos quatro anos, a mensagem da campanha atual é totalmente distinta, e isso é devido ao maior murro no estômago da sua presidência: o falhanço da sua política de tentar unir os partidos para resolver os problemas americanos! Obama tinha pouca experiência a trabalhar em Washington e a suas ideias para fazer juntar os intervenientes políticos, muito baseadas provavelmente nas suas origens multiculturais saíram defraudadas. O partido republicano não facilitou a vida de Obama e isso reflete-se no seu discurso altamente polarizado neste campanha em que muitas vezes reitera que os americanos tem de escolher entre duas visões totalmente distintas para a América.

As duas visões estão relacionadas na forma com questões fraturantes da sociedade: a quem se aumenta ou reduz os impostos; aborto; direitos das mulheres; política social e de saúde; peso do estado, direitos dos homossexuais etc... Obama é a favor da redução dos impostos para a classe média, enquanto que Romney pretende reduzir os impostos para os mais ricos. Obama é pro-choice e Romney pro-life. Obama pretende um sistema de saúde universal enquanto que Romney acha que o estado não se deve meter nas escolhas de saúde dos cidadãos. Posições muito extremadas e na maioria dos casos antíteses completas.

Do ponto de vista dos povos europeus, que não levam ao extremo as ideias selvagens do capitalismo americano, Obama é claramente o candidato com o qual este lado do mundo mais se identifica. Ao contrário do antigo presidente Bush a sua popularidade é bem maior fora dos Estados Unidos do que o contrário. As suas políticas anti-austeridade poderiam servir de exemplo para muitas das situações que estão a decorrer na Europa neste momento, assuntos que curiosamente estão totalmente ausentes da campanhas presidenciais.

Será que Obama conseguirá convencer os eleitores a confiar-lhe mais quatro anos à frente do país? Esta noite o saberemos!











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